A C o v i d- 1 9 tem levado a óbito as pessoas, por uma resposta exacerbada do sistema imunitário, também chamada de "tempestade de citocinas".
Para entender isto, devemos perceber o que é inflamação, como funciona a imunidade e o que são as tais citocinas.
O que é uma inflamação?
Toda vez que nosso corpo sofre algum tipo de injúria (lesão) - seja por um corte na pele ou uma "invasão" por patógenos como bactérias, vírus, protozoários ou fungos, - inicia-se uma resposta inflamatória.
A resposta inflamatória é a mobilização de uma série de substâncias (citocinas pró-inflamatórias) que vão avaliar a situação e começar o processo de eliminação dos invasores e/ou a reparação (cicatrização) dos tecidos lesionados.
Estas citocinas pró-inflamatórias, que vão combater os invasores, são muito fortes, agressivas e violentas, e para que elas não ataquem também as nossas células saudáveis, da região afectada, o nosso organismo produz também outro tipo de citocinas, as chamadas anti-inflamatórias, que vão para a região do corpo onde está a ocorrer a batalha, e vão controlar a potência da reação inflamatória e evitam uma autoagressão das citocinas pró-inflamatórias contra o nosso próprio organismo.
Esta conjunção entre as citocinas pró-inflamatórias versus anti-inflamatórias, que são também chamadas de regulatórias, precisam atuar em perfeito equilíbrio para que tudo corra bem.
A tempestade de citocina na C o vi d - 19
Evidências científicas sugerem que os casos graves de Covid-19 podem estar relacionados a uma hipercitonemia – ou tempestade de citocinas. O aumento acentuado dessas proteínas gera uma resposta hiperinflamatória que leva à disfunção orgânica e, eventualmente, à falência múltipla dos órgãos.
O que tem a alimentação a ver com as citocinas?
Para que as citocinas pró-inflamatórias e anti-inflamatórias sejam produzidas são necessários alguns nutrientes fundamentais que são encontrados em alimentos específicos.
Os processos envolvidos na resposta inflamatória são mantidos às custas do consumo de nutrientes, dentre eles podemos destacar o aminoácido glutamina, que actua em nível molecular, fornecendo nitrogénio para a formação do material genético,e fonte energética para determinadas células do sistema imunulógico.
Para a produção das citocinas pró-inflamatórias é importante consumir:
Ácido linoléico (fontes: óleos de girassol, açafrão, gergelim, milho);
Ácido Gama Linoléico (fontes: óleos de prímula e borragem);
Ácido aracdônico (fontes: carne vermelha, aves, peixes de água quente, leite, ovos, lula).
Todos estes nutrientes citados fazem parte de uma família de gorduras chamadas de Ômega 6.
Já para a produção das citocinas anti-inflamatórias são outros os nutrientes mais importantes:
Ácido alfa-linolênico (fontes: óleos de linhaça, chia e noz);
Ácido Eicosapentaenóico (AEP)
Ácido Docosa-hexaenóico (DHA) (fontes: peixes de água fria como salmão, atum, sardinha, arenque, cavala e algumas algas).
Estes nutrientes citados fazem parte da família de gorduras chamadas de Ômega 3.
O ideal seria que para cada 1 grama de gordura da família ômega 6 que ingerimos deveríamos ingerir 1 grama de gordura da família ômega 3, alguns estudos apontam para 3:1, justamente para haver um equilíbrio na produção das citocinas.
A alimentação feita hoje, pela sociedade ocidental caracteriza-se por uma proporção de 16 gramas de ômega 6 para cada 1 grama de ômega 3, por parte de grande maioria das pessoas e isto constitui um problema muito grave.
Demasiada gordura animal e óleos processados, e pouca gordura saudável, como frutos secos e sementes, está relacionado com inúmeras patologias, e está também, possivelmente, a ter um papel na mortalidade pela c o v i d - 19.
Outro estrago causado pelas inflamações dentro do organismo é uma oxidação excessiva das células inflamadas, causado pelo excesso de radicais livres produzidos na região afetada, levando à uma degeneração ainda mais rápida do tecido que está persistentemente inflamado.
Os nutrientes antioxidantes que podemos usar para nos ajudar a diminuir este impacto são: vitamina C, vitamina E, selênio, carotenóides, vitamina A e flavonoides. Onde encontrá-los: frutas cítricas, castanhas, amêndoas, avelãs, abacate, azeite extra virgem, legumes e verduras (com bastante variedade de cores), cereais integrais.
Qual é a alimentação que vai provocar mais Inflamação e possivelmente uma "tempestade de citocinas"?
Quando ingerimos uma alimentação excessiva em carne vermelha, leite integral e derivados como queijos amarelos e manteiga, embutidos como salame, mortadela, presunto, bacon, que são fontes de ômega 6 e também excessiva em frituras, açucares e doces, farinha branca (refinados) e refrigerantes.
Qual é a alimentação que vai apoiar ao equilíbrio do sistema imune?
Legumes e verduras, frutas, cereais integrais, sementes e gordura ômega 3 (salmão, atum, sardinha, arenque, cavala, linhaça, oleaginosas).
Alimentos ricos em glutamina: Peixe, Ovos, Grão de bico, Lentilha, Feijão preto, Favas, Feijão branco, Ervilhas, Arroz branco, Beterraba Espinafre, Repolho, Salsa.
Resveratrol, O resveratrol é um polifenol natural existente nas uvas e classicamente associado ao vinho tinto, dado não se aconselhar beber bebidas alcoólicas quando se está doente, é preferível tomar a versão em suplemento.
(As suas comprovadas propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes fazem deste composto uma potencial alternativa terapêutica em doentes com Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica)
Ácido ursólico e derivados oleananos e ursanos, encontrados em azeite, frutas como maçãs, cranberries, ameixas secas e ervas como sálvia, orégano, lavanda e hortelã.
Alimentos ricos em quercetina são uma ótima forma de estimular e fortalecer o sistema imune, pois a quercetina é uma substância antioxidante que elimina os radicais livres do organismo, evitando danos para as células e DNA: Alcaparras, Pimentão amarelo, Trigo sarraceno, Cebola, Arando, Maçã com casca, Uva vermelha, Brócolos, Cerejas, Limão.
O Zinco é um mineral muito importante para a manutenção da saúde porque ele participa em mais de 300 reações químicas do corpo, especialmente no sistema imune e na produção hormonal. Alimentos com ZINCO: ostras, carne de vaca, frango e fígado, amêndoas e as sementes de abóbora. ostra, camarão, peixe, gérmen de trigo, grãos integrais, castanhas, cereais, legumes, (batata doce, gengibre e curcuma).
E por fim, o mais incrível e extraordinário:
Resposta das Citocinas ao Exercício Físico
Tem sido sugerido, que o nível de atividade física elevado diminui os níveis de mediadores da resposta inflamatória periférica, em uma taxa de 20-60% comparado com estilo de vida sedentário.
(fonte: Bruunsgrard H. Physical activity modulation of systemic low-level inflammation. Journal of Leucocyte Biology.2005, 78: 819-835)
Atividade física pode diminuir a expressão gênica de certas citocinas, até mesmo na presença de patologias, isto é, mesmo quando a pessoa tem um problema cardiovascular ou pulmonar já existente, mas não tem os mesmos resultados, quando os indivíduos são obesos, por isso o peso ideal também é muito importante.
Fortes evidências, denotam que atividade física aeróbia regular, consegue diminuir os níveis basais de determinada citocina no organismo.
O exercício físico duradouro e habitual, geralmente age de maneira positiva sobre todas citocinas.
Importante realçar que o exercício físico não é recomendado, quando se está doente, sendo que, deve ser visto como uma forma de prevenção e melhoria da saúde e da resposta imunitária do organismo e de deve evitar, se tiver a sentir-se mal, com uma dor ou com febre.
Recomendo ainda que, para iniciar um plano de treinos, uma nova dieta, ou suplementação alimentar, consulte sempre primeiro, os especialistas e os chamados peritos de cada área de intervenção.
Fontes:
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